O saci da Fafi
Augusta Schimidt
Bem no meio da Floresta Amazônica num lugar quase encantado, vive Fafi, uma linda menina, com seus dez anos de idade, cabelos longos dourados, olhos da cor do céu. Índia é que ela não é, pois parece menina da cidade.
Fafi ama os animais, as plantas, a natureza. Todos os dias bem cedinho pega carona na canoa do índio Procó, atravessa o rio e vai a um pequeno povoado estudar. Fafi gosta tanto de ler que já pensa em uma maneira de continuar seus estudos, pois quer se formar.
Certo dia, quando voltava da escola, Fafi e Procó se assustaram com um barulho na floresta. Procó entrou com a canoa num atalho e escondidos atrás de uma enorme árvore nativa viram dois meninos armando uma arapuca. Um deles tinha uma garrafa na mão e Procó desconfiou que havia saci na região.
Em baixo de um jatobá, colocaram uma grande peneira sustentada por um galho de caucho e em seguida correram para trás de uma enorme seringueira e esperaram.
De repente um enorme pé de vento levantou poeira, fez as folhas rodopiarem e num grande redemoinho... Plaft!...Um saci caiu na armadilha.
Os dois meninos pulavam de alegria por terem conseguido seu intento, mas Fafi que de perto observava, não gostou da armação e resolveu pôr fim naquela situação.
Foi mais rápida que um tufão e em segundos, sem dar tempo aos dois meninos, pegou o saci do chão.
Ajudada pelo índio Procó, amarrou o saci num cipó e já na canoa seguros, rumaram para casa.
Pobre saci assustado!
Saiu da armadilha e caiu no laço!
Já em terra firme, Fafi com o saci nos braços, um pouco receosa é verdade sentou-se à sombra de um velho Mogno e começou a desamarrar o saci.
Qual não foi sua surpresa, quando o danado já livre das amarras se pôs a pular numa perna só.
Sua alegria era tanta que desatou a falar:
_ Olá linda menina, sou o Saci-Pererê. Adoro brincar, mas também sei ensinar.
Fafi de olhos arregalados não continha a emoção e batendo palmas de alegria externava satisfação.
_ Eu sou Fafi. Moro aqui com meus pais que cuidam dos seringais. Sou amiga de todos e até dos animais.
Agora me diga saci, quem são seus pais?
_ Sou filho do tempo e das lendas. Há quem diga até que minha mãe é uma lenda indígena. Ter tantas mães me faz feliz pois posso estar em vários lugares ao mesmo tempo.
Sou importante personagem do folclore e grande conhecedor das ervas das florestas. Conheço a fabricação de chás e medicamentos feitos com as plantas. Controlo e guardo esses segredos e quem vier buscar tem que comigo falar. Se eu não der a permissão, logo entro em ação.
Também moro nos livros e tenho um pai de criação. O escritor Monteiro Lobato me fez chegar aos grandes centros urbanos e me colocou em ação. Estou nos livros, nas revistas em quadrinhos e até na televisão.
Fafi e o saci passaram o resto do dia nessa conversa animada, até que a noite chegou.
Já grandes amigos se recolheram então e Fafi solidária, deu abrigo ao amigo dentro do seu coração.
Campinas/03/11/06
12.00h
Nota da autora:
O presente texto tem por objetivo levar a criança a reconhecer as diferenças raciais, as diversas espécies de arvores da Amazônia, o amor e o respeito e cidadania.
Palavras para serem descobertas e enriquecerem seu vocabulário:
Carona
Arapuca
Caucho
Jatobá
Atalho
Seringueiras
Seringais
Arvores nativas